Cantar no meu coro é a actividade que desenvolvo há mais tempo, se excluirmos os anos passados na escola.
A vida trouxe-me muitas oportunidades e muitos projectos nas diferentes fases do meu crescimento, mas este desafio que me foi lançado aos 13 anos, foi e continua a ser o mais aliciante e compensador, logo atrás da experiência de ser marido e pai.
Estou absolutamente convicto que não passava na cabeça de ninguém, muito menos na minha, que aceitar aquele convite há 21 anos fosse o primeiro passo de uma caminhada que me levaria a ser o director do coro.
Já a juventude do meu tempo demonstrava muita resistência em se comprometer com grupos desta natureza e com o passar dos anos não vi grandes progressos.
«Ir à catequese já é um tormento, ir à missa uma seca… vou, agora, todas as semanas ao ensaio e ainda por cima à sexta-feira…?» - diziam alguns.
Vamos crescendo e as coisas não se tornam mais fáceis.
Vem a universidade, vêm as noitadas e então aí é que a coisa fica feia, até já a missa é dispensável.
Primeiro vêm os compromissos com o desporto ou outras actividades que às vezes limitam o fim-de-semana e que na dúvida têm sempre prioridade e depois vem aquela sensação de ser diferente porque os amigos não vão à missa e vão-se desligando até que fica como uma memória da infância e de uma história há muito ultrapassada.
Muitas vezes não há tempo para fazer este discurso, porque a vida não pára, mas é preciso falar em voz alta para que esta mensagem passe para os mais distraídos e dê frutos nos corações daqueles a quem ainda não se chegou.
Os que se comprometem, graças a Deus, ainda são muitos, também vão à escola, trabalham, saem à noite, vão ao cinema, vão à praia, namoram, casam, têm filhos. São de todas as raças e géneros, nações e continentes, mas têm uma coisa em comum: não respondem negativamente aos desafios só porque lhes colocam um rótulo.
Passam os anos, os grupos não vão ficando mais novos e muito menos os seus membros e deparamo-nos com a dificuldade no recrutamento de gente nova, em idade e no grupo, para ajudar, incentivar e aprender dos mais experientes, para dar continuidade ao trabalho desenvolvido ao longo de décadas e tantas vezes com mais dificuldades do que nós.
Fazermos história e parte dela é o que nos é proposto por qualquer desafio e depois cada um decide até onde está disposto a ir e o que é capaz de sacrificar para o fazer.
Nenhum de nós tem de ser diferente para ser cristão, nem para cantar num coro, nem para exercer qualquer outro ministério a que sejamos chamados, mas temos de ter a coragem para não esconder isso e temos de ter disponibilidade de coração para criar espaço na nossa vida para o realizarmos.
Se vou à missa, porque não me comprometo? Se há necessidades, porque não me ofereço? Se tenho capacidades, porque não as coloco ao serviço?
A vida torna-se mais fácil se caminharmos juntos e nestes grupos encontramos pessoas com as mesmas dificuldades e com as mesmas limitações, mas que tiveram coragem de dizer sim.
Podemos dar um pouco mais? Então, vamos lá!
Espero por vós em Setembro!
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